Lição de vida
[Crônica de 6 de fevereiro de 1998]
Viver junto, ficar junto porque é bom e não pelas amarras de um pedaço de papel assinado embaixo, é mais do que uma arte, é um aprendizado. É descobrir lentamente como o outro é. Do que gosta, como gosta, por que gosta?
Entender suas vontades, aprender a respeitá-las e, na medida do possível, a contentá-las. Mas, mais do que aprender suas vontades, é importante descobrir o seu tempo, o ritmo da sua vida, como gosta que as coisas aconteçam.
Como o seu sol se ergue e caminha pelo céu; como a sua noite chega e como a sua lua se levanta e em que quadrante ela brilha. Cada gesto precisa ser entendido e assimilado, mesmo os que não nos são simpáticos, os que nos desagradam ou amedrontam.
Porque viver junto tem coisas que nos amedrontam. Coisas que nos deixam inseguros, sem saber como agir ou nos comportar. Palavras mal compreendidas, gostos diferentes, outros olhos para ver a vida. Até outra reação diante da sorte ou da adversidade. Não importa. Toda moeda tem dois lados, por que viver junto também não teria?
A vida não é fácil, nem difícil, a vida é a vida. Caminhar juntos por ela é tentar fazê-la da melhor forma possível, dar o máximo de nós para que os dois cheguem mais longe. Para que os dois possam somar em vez de dividir. Para que cada ação corresponda a outra e que elas se encaixem, dando uma forma boa ao enorme quebra cabeça que é a nossa passagem por este mundo.
Viver junto é uma opção que depende essencialmente de nós. Da nossa vontade, da nossa capacidade de dar, de saber receber. Mas, mais do que tudo, viver junto depende de a gente querer.
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