Na contramão dos tempos
Os tempos estão difíceis. Mudanças climáticas, pandemias, ataques cibernéticos, guerras sem pé nem cabeça… o mundo atravessa uma quadra complicada.
De um lado, tem gente tentando fazer o que dá para minimizar os estragos; de outro, tem gente aumentando os estragos; e, no meio, tem a população do planeta, jogada um lado para o outro, invariavelmente pagando uma conta que não foi criada por ela. E o preço é salgado.
As mudanças climáticas mostraram do que são capazes devastando o Rio Grande do Sul. Não tem como tapar o sol com peneira. As coisas lá ficaram feias e provavelmente ficarão de novo, só não se sabe se será uma seca ou outra inundação.
A região amazônica vê os grandes rios se transformarem em filetes d’água e o Pantanal queima fora de controle, enquanto a seca come solta e aumenta a intensidade dos incêndios.
No meio do quase caos, São Paulo vai implantando uma política de ocupação do solo, no mínimo, equivocada. A cidade está aumentando as zonas de calor, impermeabilizando ainda mais o solo e investindo pesado na troca de suas áreas verdes por empreendimentos sem sentido, haja vista o projeto da Nova Raposo, que, em nome sei lá do quê e sem estudos mais profundos, vai estuporar o Butantã e suas adjacências.
Ninguém discute que a entrada da Raposo Tavares é caótica, mas com certeza não é a construção de viadutos e marginais que resolverão da melhor forma o problema. Ao contrário, não resolverão e ainda terá como contrapartida o aumento da poluição e a degradação de uma das mais importantes áreas verdes da cidade.
Com certeza, a resposta não está aí, nem nos prédios de 40 andares que já podem ser construídos sem problemas. A cidade merece respeito.
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