Se essa rua fosse minha

[Crônica de 12 de abril de 2004]

Durante um bom tempo Cacilda Affonso Ferreira teve uma crônica na Rádio Eldorado, onde ela contava a história das ruas de São Paulo. Um programa redondo, bem-feito, agradável de ouvir e com fatos no mínimo curiosos sobre dezenas de ruas que nós não tínhamos ideia porque se chamava assim, ou assado.

Uma vez, durante uma festa do Jornal Tribuna do Direito, ela e o poeta Paulo Bomfim, por conta do programa, conversaram um tempão sobre a origem do nome de ruas e viadutos, para passar a informação mais exata, a história mais correta e o fato pitoresco.

A crônica dela ia ao ar exatamente antes da minha, no final do programa do Geraldo Nunes.

Mas para quem está sentindo falta da sensibilidade e da leveza do texto da Cacilda, existe uma solução: ela acaba de lançar um livro chamado “Se essa rua fosse minha”, que traz uma boa parte das crônicas que ela apresentava, com a vantagem de que, sendo escrito e não falado, agora, o texto da Cacilda fica preservado, a disposição de quem quer saber mais sobre as ruas que no passado eram ruas e não as trincheiras em que vão sendo transformadas, por obras mal abertas e mal tapadas.

“Se essa rua fosse minha” é um documento singelo, mas importante para preservar a memória de São Paulo. Memória que é permanentemente enxovalhada pelos ocupantes do poder, que por estarem temporariamente no poder, se acham donos dos destinos do mundo e que por isso podem fazer o que quiserem, impunemente.

Como o lançamento foi no último dia primeiro na livraria Cultura, quem quiser comprar o livro da Cacilda com certeza vai encontrá-lo lá. E não vais e arrepender.
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