Fantasia de manacá
[Crônica de 16 de fevereiro de 2010]
É carnaval. Tempo de festa. De sair fantasiado. De deixar a tristeza e as agruras de lado. De sambar. Lembrar os carnavais de quando éramos crianças e as pastoras ainda cantavam, mais lindas que Madalena.
É por isso que vou me fantasiar. Me fantasiar com trajes inéditos. Vou sair de manacá. Com a alegria florida dos manacás nos dias de verão. E quando me pararem na rua para perguntar se sou uma quaresmeira, direi: não sou um manacá.
As quaresmeiras têm flores lindas, que copiam os manacás, mas são árvores de segunda geração, de tronco mais mole, que só ocupam espaço em florestas renascidas.
Os manacás não. São árvores de tronco e copa. Com uma florada deslumbrante, que se confunde com a florada das quaresmeiras porque elas os copiam, querem seu brilho, e imitar seu jeito de ser. Um manacá não se curva a qualquer vento. Tem seu espaço na mata. É parte da floresta original.
E é uma planta alegre, de bem com a vida, habituada a ver o mundo natural interagir debaixo de sua sombra, ao longo de seus galhos, no meio de suas flores.
Um manacá não aceita má educação, não leva desaforo pra casa, mas também não briga no trânsito, nem entra em fria sem ter muita razão.
É por isso que eu vou me fantasiar de manacá. Faz bem levar pra avenida a possibilidade das boas possibilidades, as mensagens positivas e a vontade de mudar para melhor.
Mais vale um manacá na mão que dois tuins voando. Carnaval é tempo de festa, de luz, de alegria, de esquecer o feio e o triste do mundo. Por isso, se é pra ir, eu vou de manacá.
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