Tio Francisco Nepopucemo, nós vos imploramos

Tio Francisco Nepopucemo, Grande Sertão Veredas, lorde das terras do oeste, ser maior no panteão das divindades esquecidas, nós vos imploramos. Tende piedade de nós, não nos deixe neste vale de lágrimas que fica cada dia mais alagado, mais cruel, mais sem pé nem cabeça, nas mãos de aventureiros que fariam D. João VI sentir vergonha do conselho dado ao filho, quando do seu regresso para Portugal.

Há pouco que se possa fazer. Para esse lado vai mal, para o outro vai pior. Para cima todo santo ajuda, mas pra baixo a coisa toda muda. Nos dias atuais, urubu voa de macha-ré e galo da campina mora em toca escavada na rocha.

O anticlimax acelera o pré-ciclone frontal que engole o que está embaixo, com a força dos tornados que varrem o meio-oeste americano. Não tente ficar na frente. Você será mastigado como chiclete de bola, como folha de coca, usada como combustível na subida a pé da montanha de Machu Picchu.

Cuidado! Ao longo do caminho, as cobras espreitam e podem te atacar como fazem com os pássaros presos nas gaiolas dos terraços dos sítios no interior de São Paulo. A cobra vem, olha em volta, não vê ninguém e dá o bote. Lá se foi mais um canarinho da terra, coleirinha e até um papagaio.

Tio Francisco Nepopucemo, pode mais quem tem mais fé. Nós vos suplicamos, livra-nos do mal que se espalha por todo o planeta como livras-te o inferno dos diabos loiros que torturavam os crentes.

Abre teus braços poderosos e nos acolhe. Tem pena dos bilhões de pessoas sujeitas às frustrações, neuroses e outros males que envenenam o cérebro dos que nos governam, dos que mandam, dos que julgam, dos que correm atrás e dos que levam vantagem em tudo e batem carteira com cara de santo. Olhai por nós, olhai por nós, amém.

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