A cidade florida
São Paulo está florida. Os ipês estão dando máximo, espalhados por todos os cantos. Até agora, prevaleceram os roxos, mas os amarelos começam a tirar a fantasia do armário e aos poucos vão ocupando seus espaços. Nada que fuja a ordem natural das coisas, depois deles, rapidamente, virão os brancos e em seguida os rosas.
Aí, em setembro, chegarão os jacarandás e a festa seguirá bonita, porque todas essas árvores têm florada especiais que enfeitam a vida e nos permitem esquecer por alguns momentos as mazelas que corroem o mundo e que envergonham a espécie humana.
Mas as floradas não são só dos ipês e seus amigos. Por exemplo, descobri uma cerejeira florida num canto escondido da Santa Casa de São Paulo. Tem uma no jardim da frente, mas a que eu estou falando é outra, fica do lado, quase em frente ao prédio da Faculdade de Ciências Médicas.
E as azaleias estão a toda, com suas flores roxas enfeitando os muros das casas mais antigas. Donas do pedaço, taco a taco com os ipês, que levam vantagem porque tem mais espécies e por isso a florada é mais longa.
Cada um sabe de si e dá o máximo ou não. Quem ganha com as floradas são os sabiás que usam os galhos das árvores para fazer seus ninhos, mas antes cantam de noite, chamando as fêmeas para a festa do acasalamento.
A natureza é fantástica e surpreendente. Nada nela é por acaso, tudo tem um sentido e com certeza esse sentido não é apoiar este ou aquele, no governo ou na oposição.
Se as plantas têm algum sentimento, neste momento é de vergonha pelos descalabros que correm soltos aqui e em toda parte. Com certeza, no dia da criação, quando o Senhor pensou em criar o ser humano o que ele tinha na cabeça era completamente diferente do que que temos agora.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.