São Paulo mudou de cara, de novo
Ao longo de seus longos 471 anos oficiais, um pouco mais de verdade, São Paulo mudou de cara regularmente, pelo menos três vezes até o século 20 e outras tantas ao longo dele e do século 21.
No começo, a vila era pouco mais do que uma taba indígena, depois, ao longo do período colonial e até perto de 1870, se manteve como uma pequena cidade, pouco mais que uma vila, com menos de 20 mil moradores, alojados em construções acanhadas, dando para ruas invariavelmente sem pavimento, onde os dejetos eram jogados sem qualquer cerimônia.
A partir do final do século 19, a cidade começa a mudar de cara. Ganha corpo, começa se espalhar, cresce no planalto, ainda uma cidade baixa, mas já com jeito moderno, não mais a acomodada povoação que tinha na Faculdade de Direito seu grande diferencial, mas uma estrutura dinâmica, composta de sofisticadas ligações pessoais e empresariais.
Daí pra frente, ganha velocidade e ao longo do século 20 se transforma na “cidade que mais cresce no mundo”, com tudo de bom e de ruim embutido no título. Os prédios baixos dão lugar a edifícios mais altos, a arranha-céus que vão tomando o centro velho, o centro novo, sobem para Higienópolis, avançam em direção a Paulista, descem pelos Jardins, avançam no rumo da Faria Lima e para depois dela.
E chega o século 21. São Paulo ameaça reduzir o ritmo, mas retoma o dinamismo incontrolável. Horizontes amplos são fechados por prédios.
A congestionada Rebouças é tomada de assalto. O Butantã vira um paliteiro, a Zona Sul vê Campo Belo e Brooklin mudarem de cara. E mais pra frente, na região do Jabaquara a cena se repete. E para quem acha que está bom, a Zona Leste e a Zona Norte não ficam atrás, seus bairros se verticalizam, milhões de pessoas mudam de casas para apartamentos e a administração pública que dê conta do recado.
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