A verdade dos fatos

[Crônica de 3 de outubro de 2007]

Quando a CET informa que o congestionamento na cidade é de 113 quilômetros, é verdade, mas só parte da verdade. A parte que eles monitoram e que, muito honestamente, informam através de um luminoso instalado ao lado da Ponte Cidade Jardim, representa apenas um pouco menos que 14% das ruas e vias da cidade.

Numa regra de três simples, teríamos que se 113 está para 14, X está para 100. Então o número seria de apavorantes 807 quilômetros, o que também estaria errado, na medida que nem todas as ruas ficam absolutamente congestionadas, pelo menos ao mesmo tempo.

Mas se 113 km é pouco e 807 é muito, então, num chute conservador, é possível dizer que algo próximo de 450 km é uma cifra bem razoável como congestionamento real da cidade, às 8 horas da manhã do dia 25 de setembro.

É assustador. Ainda que sendo bem menos que o resultado da regra de três pura, 450 km é quilômetro que não acaba mais e explica muito do que acontece diariamente em São Paulo.

A verdade desgraçadamente irrefutável é que São Paulo tem muito mais carros do que ruas. E a equação cresce diariamente, com centenas de carros engrossando a fila que se arrasta com a sem cerimônia dos penetras de festas, enquanto do outro lado, as ruas crescem apenas a metro por dia e o metrô leva anos para dar um pulinho pra frente.

Quando isso vai acabar ninguém sabe, mas não pode demorar muito. Em algum momento nos próximos anos a cidade vai parar de uma vez por todas porque não tem como seguir em frente, nem dar marcha à ré, por falta de espaço para qualquer movimento. Neste dia o caos terá vencido como os terroristas venceram as democracias.

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