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O ipê da Santa Casa

Durante uma tempestade violenta o ipê amarelo da Santa Casa, o deslumbrante ipê amarelo da Santa Casa, foi severamente atingido e quebrou praticamente no meio. A árvore imponente ficou reduzida a meia árvore, mas ainda viva, ainda com folhas verdes, se bem que longe do que ela foi. Mais uma sobrevivente das intempéries que se abatem sobre São Paulo, de uns anos para cá, com mais intensidade.

Mudanças climáticas, emergência climática, catástrofe climática, tanto faz como o chamem, o fenômeno é brutal e cobra em vidas e bens o que a natureza deixou de lado durante séculos.

Que o diga o Rio Grande do Sul, na mira das tempestades e sem chance de fuga. Ao longo do ano elas se abatem com mais ou menos força, mas sempre deixando claro que quem manda são elas, que contra a natureza a força humana não dá para nada. Não resolve, no máximo minimiza as perdas e mesmo assim, num patamar muito baixo.

O ipê depois da tempestade que o aleijou tocou em frente da forma que deu, não se entregou, seguiu seu caminho de ipê e mais do que de ipê, de ipê da Santa Casa, responsável por floradas maravilhosas, ano após ano, prometendo com elas um ano bom para Irmandade.

E chegou a florada deste ano. A cidade ficou deslumbrante, enfeitada pelo amarelo intenso, pelo ouro, pendendo dos galhos de milhares de ipês espalhados por todos os lados.

Como ficaria o ipê da Santa Casa. Teria forças para florir? Teria resiliência para enfrentar o infortúnio e tocar em frente? Mostrar que poderia superar a adversidade e ser de novo mensageiro de boas novas?

O ipê da Santa Casa floriu. Não a florada de antes do acidente. Mas floriu e com mais força do que seria se esperar. Os grandes não se entregam diante da sorte. Se levantam e lutam, como o ipê da Santa Casa.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.