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Chuva

Fazia tempo que não chovia, a cidade pagava o preço da estiagem na poluição dura que entrava pela garganta das pessoas e as condenava a tossirem como se a tosse fosse o normal, na rotina dos seres humanos.

As pessoas se desesperavam. Mas não tinha que fazer, a secura do ar cobrava seu preço e as maltratava, nos olhos ardendo, na garganta seca, no mal-estar e na dor de cabeça.

Na noite do dia 21 para 22 de setembro choveu. Choveu com convicção, com intensidade, capaz de mudar o panorama da vida e dar aos humanos a esperança de respirar bem de novo. Que é possível voltar a não tossir, que é possível poder falar sem irritar a garganta, que é possível voltar ao normal, seja lá o que normal quer dizer.

Ah, a diferença do ar entrando nos pulmões. No lugar da poeira densa que colava na garganta, outra vez um ar fino, limpo, com menos poluição, capaz de refrescar e ao mesmo tempo alavancar a vida.

Respirar ar mais puro faz bem. Não é possível falar em ar puro, porque da mesma forma que água, a pureza do ar está comprometida por milhares de interferências, a maioria criada pelo homem, capazes de mudarem a realidade e entregar um ar que não é ar original, mas que ainda tem potencial para satisfazer nossas emoções e deixar mais leve o corpo.

Chuva, chuva, chuva. Bendita chuva. Não só por encher de novo as represas, não só por garantir água para a cidade, mas porque chuva faz bem, chuva revigora a alma e dá sentido à vida. Chuva faz o corpo se sentir melhor e a alma ficar mais leve.

Agora, que essa chuva resolva seguir em frente. A vida precisa dela. A natureza precisa dela, o verde precisa dela. Mais do que nuca que a chuva siga em frente, não em tempestades alucinadas, mas na toada criadeira que faz o mundo ficar mais bonito.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.