O capeletti do Roma

[Crônica de 18 de dezembro de 1997]

Existem restaurantes mais baratos, existem restaurantes mais caros… Existem. Uma das artes da vida é saber manter-se no meio, nem muito para lá, nem muito para cá, simplesmente numa posição intermediária, discreta, mas não subserviente, nem falsamente humilde.

Ele não quer ser o melhor, nem o mais caro, mas tão somente manter a tradição de mais de 40 anos, que é suficiente para enchê-lo todos os finais de semana e garantir-lhe a frequência mais do que satisfatória nos dias de trabalho.

Sua comida é simples e objetiva. Composta dos pratos tradicionais da cozinha italiana e dos clássicos da cozinha mundial, ele oferece comida boa por um preço justo, o que, nos dias de hoje, é mais do que muita gente oferece, mesmo com enormes badalações em volta.

O Roma é o Roma e quem vai lá, sabe o que vai comer e quanto vai pagar. O restaurante não é de surpresas e quando estas ocorrem, normalmente é para melhor, porque um prato se destacou, ou porque, em comparação com a concorrência, seu preço ainda é barato.

Restaurante de bairro, o Roma não quer ser mais do que restaurante de bairro, e é isto que lhe garante a qualidade. Mas, como restaurante de bairro, o Roma acaba desenvolvendo amizades que se solidificam ao longo do tempo e que permitem aos seus clientes inventarem em cima do menu, criando pratos próprios, que, às vezes são inclusive assimilados pela casa, que os inclui no cardápio.

Já faz tempo que eu “inventei” um capeletti e que até hoje, para o meu gosto, é o melhor. Simples,  gratinado, com molho branco, presunto, queijo derretido e funghi seco, é o capeletti que eu gosto e que no Roma eu posso pedir porque tem, sem que o garçom faça cara torta ou alguém precise falar com o dono.

E esta boa vontade não é uma exclusividade minha. Tendo e dando, o restaurante faz, seja para João, seja para Maria. Simpático e com boa vontade para atender seus fregueses, o Roma, entra moda, sai moda, vai se perpetuando, como um dos bons restaurantes de Higienópolis.

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