Árvores e tempestades
As tempestades não são amigas das árvores. Ao contrário, podendo colocá-las abaixo, não hesitam, descem o sarrafo, quebram o tronco ou as arrancam com raízes e tudo.
São Paulo sabe disso melhor do que ninguém. As árvores são as grandes vítimas das tempestades que se abatem sobre a cidade sem pedir licença, nem dizer o porquê.
O mais triste é que além de cair e, dependendo da árvore, já ser um transtorno, elas também caem em cima de automóveis, muros e imóveis, o que aumenta o transtorno.
Algumas dessas árvores são centenárias, árvores enormes que quando caem levam junto o que tem no caminho. Fios, muros, postes, outras árvores, carros, casas e prédios. Outras são muito menores.
Como as grandes são as que opõem maior resistência ao vento e a chuva, além de terem o tronco mais duro e os cuidados invariavelmente relegados ao terceiro tempo, são elas as que caem com mais frequência.
Um dos maiores dramas do compartilhamento do espaço aéreo entre árvores, postes e fios é que parte da cidade costuma ficar sem energia, depois das tempestades. Qual? É aleatório, ou melhor, depende do local onde a tempestade entra com mais força.
Como São Paulo ocupa uma área muito grande no Planalto de Piratininga, muitas vezes a tempestade atinge uma região e outra não fica nem sabendo do estrago, pelo menos até o próximo noticiário da TV.
Não tem como não dizer que o acaso participa sempre do estrago, mas além dele existem outros responsáveis, com destaque para a Enel e a Prefeitura. A Enel nem sempre faz as podas como deveriam ser e a prefeitura também nem sempre faz a manutenção das árvores como deveria ser. Todo mundo acusa todo mundo, mas quem paga a conta é o cidadão.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.