Os nossos grandes rios
São Paulo é cortada por centenas de rios e córregos, grande parte deles encanados em tubulações de todos os tamanhos, algumas bem velhas, outras nem tanto.
O Planalto de Piratininga sempre foi um emaranhado de cursos d’água que se espalhavam pela grande área e convergiam basicamente para 4 rios maiores. O Tietê, o Pinheiros, o Tamanduateí e o Anhangabaú.
Eram rios sinuosos que corriam lentamente aproveitando a pequena diferença de altura do planalto. E em suas margens se estendiam extensas várzeas que nos meses de verão acumulavam o excesso de água que extravasava das calhas dos rios em função das fortes chuvas que caem nesta época do ano.
Mas o progresso chegou e a situação mudou radicalmente. Com a imigração o mercado imobiliário viu novas oportunidades e as várzeas que por disposições do Conselho Municipal não podiam ser ocupadas, se tornaram o filão da vez, abrindo para o mercado imobiliário um filão quase inesgotável, que até hoje recebe anualmente milhares de pessoas.
No começo, os lotes eram destinados aos imigrantes e suas famílias, depois os empreendimentos se sofisticaram e a classe média e os ricos foram morar em áreas de várzea. Os Jardins, Alto de Pinheiros, Butantã, Brooklin, todos foram erguidos em áreas de várzeas.
Mas a sede de progresso fez mais. Os rios maiores foram retificados. Passaram a correr com outra velocidade e suas calhas não deram mais conta do recado. As inundações aumentaram e se sucedem faz tempo.
Todos os verões, São Paulo assiste parte de suas várzeas cumprirem sua função original, receberem o excedente das águas que extravasam dos rios. O problema é que agora elas são habitadas.
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