Simca Chamboard x Aero-Willys
Houve época que o Simca Chambord dividia as ruas de São Paulo com o Aero-Willys. Eram os dois carros de luxo mais conhecidos do Brasil. É verdade, durante um tempo teve o JK, mas nunca competiu para valer com o Simca ou com o Aero-Willys.
O Simca Chambord tinha um motor V8 e o Areo-Willys, se não me engano, tinha motor de 6 cilindros. Meu pai tinha Aero-Willys e seu sócio, tio Júlio Salles tinha Simca Chambord.
A diferença básica entre os dois é que o Aero-Willys era um jeep disfarçado, não quebrava e passava por cima do que estivesse na frente, enquanto o Simca era mais delicado, não aguentava tanta pancada e também tinha um motor mais frágil.
Em compensação o Simca, ainda que tendo três marchas, andava mais do que o Aero-Willys que tinha quatro. Mas a diferença era pequena e no custo benefício, na minha opinião, o Aero-Willys levava vantagem.
Meu primo Armando, que já tinha carta e guiava o Simca de Tio Júlio, acha o oposto, o que mostra que nessa vida é tudo questão de ponto de vista. Não vale a pena brigar. Cada um sabe de si.
Com o tempo os dois carros foram sendo incrementados. O Simca Chambord evoluiu para o Simca Tufão, e depois foi a vez da perua Jangada.
O Aero-Willys ficou mais sofisticado com o Itamarati que tinha o estepe na tampa do porta-malas, e a fábrica chegou a fazer meia dúzia de limusines, uma das quais, hoje, é de um amigo.
Como eu não tinha carta, meu pai só me dava o carro na fazenda. Foi lá que eu descobri que o Aero-Willys era um tanque de guerra. Derrapei numa curva da estrada de terra, entrei numa plantação de uva, arranquei três mourões com o para-choque da frente e o carro não sofreu um arranhão. Foi voltar, lavar e meu pai só soube do acidente anos depois.
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