Avenida Paulista no domingo
Mais do que nunca, a Avenida Paulista é a cara de São Paulo. Quase caótica, com prédios praticamente vazios, escritórios desocupados, o museu mais importante da cidade, alguns centros culturais, escola pública, faculdade privada, bancos que partiram, bancos que ficaram, shopping centers, seguradoras, escritórios em geral, Fiesp, sindicatos, moradores de rua, turistas, drogados, artesãos, camelôs, traficantes, vendedores de ilusão, leitores de sorte e o mais que se quiser, a Avenida, em seus mais ou menos 2 quilômetros, é a cidade em movimento, o espaço democrático, enquanto ao seu redor, como contraponto a favor, gravita a maior concentração de hospitais da cidade.
Pensada para ser a rua dos barões do café, ela abrigou casarões deslumbrantes, erguidos no começo do século 20, para serem derrubados em meados do século 20 e dar lugar ao mais rico paliteiro paulistano, sede de bancos, grandes indústrias, seguradoras, comércio e serviços em geral.
O grande endereço era a Avenida, que já tinha o MASP e se abriu para outras instituições culturais de bom humor, pronta para receber o novo, o inusitado e o mais clássico de tudo o que se fez em todas as artes.
Com Faria Lima, Berrini, Vila Olímpia e outras regiões entrando na moda, a Avenida perdeu espaço como endereço top da cidade. Depois, com as manifestações do contra fechando suas entradas, a Avenida perdeu os escritórios em geral, até ter parte de seus ricos edifícios com amplas áreas vazias.
Mas São Paulo não para e a Avenida Paulista foi fechada para os carros aos domingos. A moda pegou. Hoje, os domingos da Avenida Paulista são o que têm de mais paulistano na cidade. Grupos, famílias, tribos, bandos, gente sozinha, todos dividem democraticamente seus espaços. E a velha Avenida renasce, cada vez mais a cara da cidade.