João Gilberto
Quem ouve a maioria dos cantores atuais e compara com João Gilberto, com certeza terá um problema sério para continuar achando que boa parte dos cantores de hoje são realmente cantores.
A diferença é tão gritante que não dá para começar a enumerar onde a coisa pega ou por que a coisa pega. Não tem ponto de convergência que permita começar a comparação.
Como diria o locutor esportivo: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
No caso, João Gilberto fazia música e os cantores atuais, comparados com ele, fazem alguma coisa parecida com música, mas que não é música.
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João Gilberto não era simpático, ou melhor, era, mas quando queria. Se as coisas não fluíssem exatamente como ele queria, podia parar tudo, reclamar e até se levantar e ir embora.
Mas João Gilberto era o gênio, a perfeição, um jeito novo de fazer diferente o que sempre fora feito do mesmo jeito. Um som especial, que não privilegiava a gritaria, nem os metais em ritmo de marcha militar.
João Gilberto era o próximo, o cantado baixo, a música suave, o carinho e a ternura com o ritmo, a letra a música.
Eu estou longe de entender de música. Sou desafinado, não tenho ouvido, não percebo as notas, nem sei como elas funcionam.
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Mas não me canso de ouvir João Gilberto. De “Chega de saudade” para fora, ele é único na forma de trabalhar a música. É único na capacidade de fazer alguma coisa única que alguns acham que é fácil, mas que ninguém faz como ele.
João Gilberto e Tom Jobim deram dimensão internacional à música brasileira. Fizeram dela algo refinado, diferente, capaz de hipnotizar os maiores músico do planeta. Pena que estejam escondidos.
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