O exemplo do Bojador
Um dos grandes momentos das navegações portuguesas foi a passagem do Cabo Bojador. A façanha coube ao navegador Gil Eanes, homem de confiança do Infante D. Henrique.
Contornar o Bojador era entrar de cabeça no desconhecido. O que teria do outro lado da longa língua de terra que entrava mar à dentro, impedindo a navegação ao longo da costa africana?
D. Henrique queria mais. Queria encontrar o reino do Preste João, o mitológico rei católico que governava num pedaço da África. Queria expandir as fronteiras do cristianismo. Queria riquezas para Portugal.
Para isso, tinha que contornar o Bojador. Até ali era o conhecido. O Cabo Não ficara para trás. O limite europeu estava ultrapassado. O Bojador era o desafio.
Gil Eanes se dispôs a ir. Foi. A tripulação acompanhou o navegador. Com medo dos monstros, do fogo do inferno, das estátuas de sal, de todas as lendas que diziam que depois do cabo estava a morte, esperando quem ousasse a empreitada.
Gil Eanes, em sua pequena caravela, dobrou o cabo Bojador e do outro lado encontrou uma costa baixa, um longo areal que se perdia no horizonte. O caminho para as Índias estava aberto. Era questão de tempo até Vasco da Gama chegar lá.
Passaram-se os séculos e Portugal praticamente esqueceu o Infante D. Henrique e seu navegador, Gil Eanes. Só recentemente os dois foram resgatados das brumas da história e recolocados no altar dos grandes homens que forjaram a nação.
O Brasil é parecido com Portugal. Apagamos os grandes homens em nome de anões que fizeram pouca coisa. É olhar a importância que dão a certos petistas, enquanto esquecemos quem realmente fez a história.