São Paulo no começo
Durante os primeiros 300 anos de sua história, São Paulo patinou entre o nada e a insignificância. Em 1870 a cidade contava menos de 30 mil habitantes, número espantoso quando lembramos que em 1560, quando da criação da Vila, ela era composta por menos de 100 pessoas em volta do colégio dos jesuítas, encravadas no meio do Planalto de Piratininga, prontas para o grande salto que daria ao Brasil praticamente seu território atual.
São Paulo não cresceu porque, a partir do século 16, seus habitantes se armaram em Bandeiras que vararam o sertão atrás de ouro, prata, pedras preciosas, e, mais pragmaticamente, índios, que eram trazidos para trabalhar nos campos em volta da vila.
Os bandeirantes colonizaram o sul – Rio Grande, Santa Catarina, Paraná, – entraram para o oeste – Mato Grosso, Paraguai, Bolívia -, subiram para o norte – Minas Gerais, Goiás, Pará, Bahia, a margem esquerda do São Francisco, Piauí e Maranhão –, navegaram a costa em missões de socorro e salvamento do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.
Era muito para a pequena vila erguida entre três rios que corriam para o interior, que ficava invariavelmente abandonada de homens, com as fazendas e sítios ao cargo das mulheres, por anos a fio.
O preço da conquista do Brasil foi São Paulo não crescer. Mas haveria outra solução? Não, o que foi feito foi feito porque era o único caminho para os paulistas não ficarem vegetando, limitados pelos horizontes curtos dos campos de Piratininga.
Do outro lado das serras havia um mundo a ser descoberto, terras a serem conquistadas, índios, minas e riquezas para a maior glória da Coroa portuguesa. Os paulistas foram lá. Fizeram o que tinha que ser feito. E, de quebra, prepararam um imenso país.