Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Irresponsabilidade

 

As taxas de acidentes com vítimas fatais vinham decrescendo nas estradas federais. Ainda estávamos longe de números descentes, mas o cenário mostrava um quadro positivo, com o número de mortes diminuindo, não numa velocidade impressionante, mas diminuindo, o que, com quarenta mil mortes por ano, é sempre bom.

Aí veio a bomba. Por ordem do Presidente da República, os radares móveis foram retirados das rodovias federais. Perto de oitenta por cento da malha ficou sem fiscalização de velocidade, a principal causa de acidentes do país.

A maioria dos acidentes nas rodovias federais acontece por excesso de velocidade. O motorista perde a direção e, como acontece com enorme frequência, se tiver ingerido bebida alcoólica, o quadro se agrava pela falta de reflexos para retomar o controle do veículo.

Leia também: A vida humana não vale mais nada

Ao mandar retirar os radares, o Presidente liberou os motoristas para meterem o pé no acelerador, certos da impunidade porque não seriam mais flagrados pelos radares.

Foi o que aconteceu. Proibida de fiscalizar se valendo dos modernos meios de identificação das infrações, a Polícia Rodoviária Federal, que sempre foi contrária à medida adotada pelo Governo Federal, ficou de mãos atadas, vendo a carnificina recrudescer e o número de mortes e feridos voltar a aumentar rapidamente.

Leia também: Certos radares e velocidades

Com boa parte das estradas com manutenção precária e pistas únicas só faltava liberar a velocidade para buscar de volta os índices apavorantes, que vinham caindo em função de muito esforço, mas principalmente pela adoção dos radares móveis para fiscalizar a velocidade nas rodovias. Planejado para dar errado, deu errado. O que todo mundo sabia que aconteceria, aconteceu.

Temos de novo mais mortos nas estradas.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.