Nem todos os caminhos levam a Roma
Diz o ditado que todos os caminhos levam a Roma. Pode ser que tenha sido; hoje, não é mais. Nem todo os caminhos levam a Roma. Aliás, a maioria não leva e se alguém imaginar que, porque começou a andar, no fim da jornada terá atingido a capital italiana, corre o sério risco de descobrir que está em Kuala Lumpur.
Os caminhos hoje são mais vastos, mais largos e menos inclusivos do que na época em que todos os caminhos levavam a Roma. Aliás, mesmo naquele tempo, chegar a Roma não era uma certeza e muita gente pagou com a própria vida o erro de se meter na terra dos berberes, em vez de acertar o rumo da cidade de São Pedro.
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São Pedro sabia chegar a Roma. São Paulo sabia chegar em Roma. São Tiago chegou no norte da Espanha. São João parou em Éfeso. Outros foram para outras partes bem mais distantes, onde foram mais ou menos bem tratados, com alguns eleitos semideuses, outros queimados vivos em simpáticas grelhas cientificamente desenvolvidas para queimar profetas, santos e outros personagens históricos.
Tem quem imagina que a Rodovia dos Trabalhadores leva a Roma. Tem quem ache que a rota mais curta é pela Transamazônica. Tem quem prefere contornar o Polo Sul e os que imaginam que a Varig ainda voa para lá. Vão quebrar a cara. O caminho é outro.
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Tem jeito mais rápido e jeito mais lento. Também é preciso saber onde começa a viagem. Se for em Santiago de Compostela, o mais fácil é seguir em frente, sempre em direção ao leste. Se for em Passárgada, o melhor é seguir em direção ao oeste.
Tem quem prefira o bom e velho burrinho, tem quem prefira um moderno automóvel movido a energia solar e os que vão a pé. Tanto faz o meio, a única certeza é que nem todos os caminhos levam a Roma.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.