Os resedás floridos
São Paulo é uma caixa de surpresas inextinguível. Quando menos se espera, o que não era para ser é, e vice-versa. Chega sem aviso, sai de trás de um muro, da porta do taxi, da estação do trem.
Faz muitos anos, tinha um cidadão que tinha uma chácara no canteiro central da Marginal Tietê. A área era cercada com a fita amarela e preta que a CET usa para interditar o trânsito e tinha até uma placa de “proibida a entrada de pessoas estranhas”.
Depois, descobri um construtor de praças. O cidadão transformava os terrenos baldios em praças de bairro e cuidava delas, transformando espaços completamente deteriorados em áreas de lazer.
Leia também: Tem mais resedá no pedaço
Tem quem goste, tem quem não goste de São Paulo. Só não dá para ficar indiferente. São Paulo é forte demais, possante demais para o sentimento ser a indiferença.
Conheço quem se muda sem pestanejar e conheço quem não sai daqui por dinheiro nenhum. Faz parte da natureza das pessoas. Cada um é cada um e o que é bom para mim pode não ser bom para você.
A vida vegetal da cidade é um capítulo à parte. Tem para todos os gostos e também tem áreas em que não tem.
Tem pedaços da cidade onde o único verde é a flor de plástico em cima da geladeira. E tem o Ibirapuera, o Parque do Carmo, o Parque da Luz e tantas outras áreas onde o verde impera.
Leia também: Jacarandá mimoso
Agora mesmo, depois de no final do ano vários florirem, os resedás decidiram que ainda não é hora de tirar o time de campo e um bom número deles se vestiu de flores para enfeitar os horizontes da cidade.
Pode mais quem chora menos. Algumas espatódias decidiram enfrentar os resedás e também floriram, colorindo as ruas de Perdizes. Nessa briga ganhamos nós, afinal, a cidade florida é muito mais bonita.