Caiu muita água
Dia 10 de fevereiro de 2020, sete horas da manhã. Choveu a noite toda. Por isso liguei o Waze para saber o melhor caminho para o escritório.
De acordo com o aplicativo, estava tranquilo, em 15 minutos estaria lá. Tudo bem. Tomei café, saí para a garagem, dei bom dia para a Clotilde, entrei no carro, engatei a ré e saí.
Vi que tinha água dentro do meu quintal. Abri o portão e descobri que minha rua tinha se transformado no afluente mais importante do rio Pinheiros.
Olhando melhor, descobri que a Valentim Gentil estava mais cheia ainda, que eu tinha achado minha rua importante antes da hora.
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Os carros estacionados na rua estavam semicobertos e não tinha nada que indicasse que a chuva iria parar.
Voltei para casa e fui olhar as portas da minha sala. A água do jardim estava a meio centímetro da porta e subindo. O risco da água entrar era real e iminente. Fui buscar sacos de lixo e toalhas para vedar a porta. Era a única coisa que eu podia fazer, além de rezar para a água parar de subir.
Tenho certeza que não foi só minha reza, mas, de alguma forma, alguém lá em cima ouviu a cidade pedindo pelo amor de Deus e a água parou de subir.
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Mesmo assim, como continuava chovendo, decidimos deixar a porta fechada e os sacos e as tolhas vedando a fresta debaixo da porta.
Contra a natureza tem muito pouco para se fazer. É torcer para o estrago não cair na nossa cabeça ou, se cair, cair de raspão.
Quanto milhares de pessoas tiveram menos sorte do que eu? Quantos perderam tudo, quantos perderam muito?
Choveu como manda o verão. E ainda pode chover muito mais, ao longo do mês e do mês que vem. Vai ficar feio. Deus tenha piedade de nós!
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.