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O renascimento da Rua Augusta

São Paulo é cíclica. As coisas acontecem, passam, são quase esquecidas, e, depois, voltam.

É o caso da Rua Augusta. Quando eu era menino, saia do Colégio Dante Alighieri por um buraco no muro, para ir para a Rua Augusta cabular aula e ouvir música na Hi-fi. Era o máximo. E eu e meus amigos ficávamos a manhã inteira com os headphones nos ouvidos, escutando os sucessos do momento.

Foi assim que eu descobri que Trini Lopez e Prini Lorez eram duas pessoas distintas, apesar dos dois cantarem La Bamba e terem quase o mesmo nome. Um era o legítimo, o outro era o quase. E eu levei o disco do quase, convencido que era o bom, cantado pelo norte-americano.

Depois, na copa de 1970, a Rua Augusta foi o grande sambódromo aonde os paulistanos comemoraram o tri, numa festa deslumbrante, com o povo na rua, cantando e pulando, numa imensa confraternização sem violência, exceto as brigas normais numa festa deste tamanho.

E no dia a dia, a Rua Augusta tinha as melhores lojas de São Paulo. Além das galerias típicas.

Junto com a Hi-fi, tinha a casa Toddy, que está lá até hoje, a Rastro, a Via Condotti, e tantas outras, todas entre as melhores da cidade.

Mas os shopping centers chegaram e a rua Augusta entrou em crise. Não segurou a peteca e mergulhou na decadência.

Agora, ela ressurge, dos dois lados da Paulista. No lado da cidade, transformada em polo boêmio, com bares, restaurantes e grande baladas.

No lado dos jardins, as lojas vão se enfeitando, de carona na puxada da Rua Oscar Freire, onde as grifes mais caras do mundo decidiram marcar ponto. Assim, ganhamos todos, mas mais ainda a Rua Augusta.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.