Vinícius de Moraes todo dia
A poesia não tem dia, nem hora para acontecer. Cada momento, em todas as situações, comporta mais poesia do que concebe nossa vã filosofia.
A maior de todas as poesias é a existência do universo e o milagre da vida. Na sequência vem a capacidade do ser humano entender, ainda que vagamente, o milagre da vida e a imensa dádiva que ele recebeu.
Cada um de nós é poesia, é encontro, é chama, uma partícula ínfima na construção do universo.
Nada é por acaso na história do cosmos. Desde a centelha original, cada movimento tem uma razão que escapa à nossa razão.
Por isso, Deus criou os poetas. Eles são os intérpretes da vontade divina, da língua dos anjos, dos mistérios que escapam à compreensão dos simples mortais.
Cada um é cada um. Todos temos nossas especialidades, nossa competência e habilidades. Ninguém é igual a ninguém e o fato de sermos únicos não nos faz melhores, mas apenas diferentes.
Tem gente que nasce para pedreiro, outros são advogados, outros médicos, padeiros, mágicos, palhaços, malabaristas, poetas.
Os poetas são uma categoria à parte. Cabe a eles entender o incompreensível. Cabe a eles traduzir o intraduzível para a língua dos homens e nos fazer perceber o que Deus dispõe.
Entre os poetas, Vinícius de Moraes é mais que especial. Coube a ele traduzir o amor. Por isso, quando se comemora o centenário do poeta, eu tenho que dizer que Vinícius ainda não morreu. Ele é imortal como sua poesia, ainda que seu corpo sendo chama. Por isso Vinícius de Moraes será infinito enquanto durar a aventura humana.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.