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Saliva com pólvora é balela

 

Dizer que depois da saliva é preciso usar a pólvora é simplificar para nível de pré-escola o que escreveu há muito tempo o brilhante pensador e estrategista, Clausewitz: “A guerra é a diplomacia por outros meios”.

O problema é que, para fazer guerra, é preciso ter um inimigo e, mais do que isso, ser possível vencer o inimigo. Outra solução é fazer a guerra para perder, como acontece no filme “O rato que ruge”. O problema é que, como o filme mostra, pode acontecer de, sem querer, por uma virada do destino, a derrota se transformar em vitória e aí não se sabe o que fazer com ela.

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O Brasil não tem inimigos. Ninguém quer invadir nosso território, ninguém quer tomar a Amazônia, ninguém quer brincar de fazer guerra. Nem eles, nem nós.

E é muito melhor ficar assim. Só um tolo pode gostar de guerra. Não é preciso ler a experiência de George Orwell na Revolução Espanhola, basta assistir os filmes e documentários sobre a guerra do Vietnam para quem não tem certeza passar a ter: qualquer guerra é uma estupidez sem tamanho.

Tudo bem, tem horas em que não tem jeito senão ir à guerra. O Brasil não tinha outro caminho quando o Paraguai invadiu o Rio Grande do Sul. Da mesma forma os Estados Unidos, depois do ataque a Pearl Harbor.

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Mas querer fazer guerra por bravata ou é isso mesmo – apenas bravata pra fanático bater palma – ou é rematada sandice de alguém completamente fora da realidade e sem sensibilidade para a dor e o sofrimento do povo.

Nos dias atuais, não existe poder militar no mundo para desafiar a força dos Estados Unidos. Um único de seus porta-aviões nucleares, com mais de setenta aviões de última geração a bordo, é capaz de destruir a maioria das forças armadas do planeta. Ainda bem que não temos inimigos.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.