O pórtico e o patriarca
Cada vez que eu vejo o pórtico da praça do Patriarca eu entendo José Bonifácio, ficar de costas para ele.
Poucas obras são mais sem proporção, fora de lugar e feias do que o desgraçado do pórtico que, além de tudo, tapa ou apaga uma série de prédios interessantes espalhados ao longo da praça.
Eu não sei o que ele representa. Se é um guarda-chuva gigante, com desenho fora de moda, para proteger quem entra nas escadarias da Galeria Prestes Maia, ou se tem alguma outra mensagem subjacente envolvida.
Vendo o monstrengo branco, meio sujo, fazendo um arco sem qualquer proporção com as dimensões da praça, sustentado por braços retos com cara de robô futurista de filme dos anos 50, fico estupefato da prefeitura ter contratado a obra, e, depois de vê-la, ter tido a coragem de permitir que fosse instalada.
Mesmo sendo no centro velho, área deteriorada e que boa parte da população não sabe mais onde fica, ainda assim é uma agressão desnecessária à cidade e, o que muito grave, bem do lado da sede da prefeitura.
Imagine uma alta autoridade francesa chegando e comparando aquilo com o Arco do Triunfo. Imagine um inglês comparando o monstro a Trafalgar Square. Ou um alemão imaginando o Portão de Brandemburgo.
Dá pena. E dá, também, ainda que sem ser culpa nossa, uma vergonha imensa pela falta de critério com que muitas vezes administram esta cidade e gastam nosso dinheiro.
É por isso que eu apoio integralmente o protesto do Patriarca pelo que fizeram com sua praça. É isso aí, Bonifácio, continue de costas!
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