Carnaval mais esquisito
É carnaval. Mas cadê os blocos, cadê as escolas de samba, a festa correndo solta, regada a alegria, pinga, cerveja e o mais que descer pela garganta ou poluir os pulmões?
Cadê a festa comendo solta desde sexta-feira passada? Cadê a multidão nas ruas de Salvador? Nas avenidas do Rio? Em São Paulo, com o tradicional mais de um milhão de pessoas atrás dos trios elétricos?
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Carnaval estranho, sem feriado, sem gente solta, gente cantando, pulando, dançando e namorando nas ruas deste imenso Brasil.
Quarta-feira de cinzas é depois de amanhã, mas a festa está com jeito de quarta-feira de cinzas hoje, de que já acabou, que o ano que vem já começou e é hora de “trampar”, dar duro atrás do pão nosso de cada dia.
Não tem serpentina, confete, corpos suados. Não tem nada que lembre os quatro dias de Momo, nem que alegre os olhos nos passos milagrosos das passistas de biquini, com o corpo escultural balançando no ritmo do samba, marcado pelos surdos dando o passo.
Pode mais quem chora menos. Este ano não tem carnaval, não tem alegria, não tem festa, nem povo nas ruas. Não tem brincadeira, não tem confusão, não tem olhos se encontrando, nem beijos, nem abraços.
Tem as ruas vazias, porque o feriado, que não é feriado, este ano é um dia normal.
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Decreto das autoridades, Brasil a fora, tentando segurar o vírus, que é quem samba pelas ruas, contaminando e matando mais de mil pessoas todos os dias.
A festa não é nossa, é da pandemia, do coronavírus e da Covid19 comendo solta país a fora, numa festa macabra, onde a música é o som das sirenes, o gemido dos doentes e o choro dos parentes. O carnaval de 2021 não será esquecido, mas ninguém gostará de lembrá-lo.
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