Saudades do Correa
Meu amigo Correa, outro dia eu senti muita saudade sua. Foi ouvindo Cat Stevens – Black Bird, para ser mais exato. Estava dentro do carro, voltando para casa, depois de um dia de trabalho, parado no trânsito infernal de São Paulo na hora do rush.
Normalmente escuto CD, mas como era hora do jornal, resolvi matar as saudades dos meus anos como comentarista da Rádio Eldorado e passei o som para o rádio. Estava sintonizado em FM e a rádio estava tocando Cat Stevens, como se fosse no começo dos anos 70, quando Cat Stevens tocava sempre, porque era um dos heróis daquela época.
Foi instantâneo. O tempo voltou como se tivesse sido ontem que nós paramos um ônibus na Rodovia Castelo Branco, para entregar um maço de flores do campo para uma das passageiras.
Aliás, se você se lembrar, vai ver que foram 3 ônibus, até acharmos o que ela estava, já quase na chegada de Bauru.
Era uma época divertida, com noites compridas e dias nem tanto, porque depois do dia de trabalho, vinha a noite e ela era invariavelmente divertida, no Clubinho, no Planos, ou em lugares tão inusitados quanto o Garufa, onde o tango corria solto e a barra era tão pesada que o respeito obrigatório às damas permitia até levar a mãe para ouvir uma boa noite de música argentina, sem risco de alguém mexer com ela.
Meu amigo, o tempo passa, mas o coelho no terraço do seu apartamento continua vivo na lembrança, quase trinta anos depois dele ter virado ensopado. Como continua viva sua figura, grande e forte, com o riso fácil nos olhos de criança espelhando a pureza do coração. Correa, meu amigo, com a música, a saudade daquele tempo bateu forte.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.