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Os párias do mundo

 

Não chega a nossa fama pelo desmatamento e da falta de respeito pelo meio ambiente, que já colocava o Brasil na posição de bandido do mundo, responsável por tudo de feio e de ruim que nós nunca fizemos, ou fizemos menos, e agora estamos levando a culpa.

Não chega o buraco nacional ser mais embaixo e o ano de 2021 ter tudo para ser mais difícil do 2020.

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Não chega o Presidente ser completamente insensível a tudo que não diga respeito à sua reeleição e à saúde de seus filhos.

Não chegam as decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal, transfiguradas em guardiãs dos mistérios da verdade.

Não chega o desemprego monstro, a fome rondar a rotina de mais de treze milhões de famílias e mais de cem milhões de brasileiros estarem na linha da pobreza.

Não chega milhares de empresas fecharem as portas, milhares de imóveis vazios, milhares de brasileiros morando debaixo dos viadutos.

Não, não chega. Nós produzimos mais e da nossa cartola saem coelhos, urubus, chacais, camarões e o mais que se alimenta de carniça.

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Somos campeões na arte de matar. São quase sessenta mil homicídios dolosos, quarenta mil mortes no trânsito, um número apavorante de mortes em acidentes do trabalho, abortos, suicídios e trezentas mil mortes por covid19, tudo no espaço de um ano.

Mas nós vamos mais longe. Agora o mundo ameaça fechar as portas para o Brasil, porque não conseguimos vacinar o povo e a falta de vacinação num tempo razoável é o melhor caminho para o surgimento de novas cepas de coronavírus. É nessa hora que admiro a esperteza do Ministro das Relações Exteriores quando disse que já éramos párias entre as nações. Mais visão estratégica só no Ministério da Saúde comprando vacinas.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.