De novo é outono
Depois da tempestade sempre chega o tempo bom. Da mesma forma, as estações se sucedem, uma depois da outra com a regularidade da terra girando ao redor do sol, em seus dois movimentos básicos, de rotação e translação.
A cada quatros semanas a lua cheia enfeita o céu e depois dela a lua nova recomeça o ciclo, deixando a minguante para trás, interferindo nas marés e na menstruação das mulheres.
Tudo se renova, tudo se recria, como a carne volta ao pó, para recomeçar o ciclo da vida, com natureza permanentemente se refazendo, como as flores que não tecem, nem bordam, mas brotam naturalmente e são sempre mais belas que Salomão em todo seu esplendor.
Vida e morte se sucedem. Tempos bons e tempos ruins trocam de lado, e a nós, compete aceitar os fatos, porque temos pouca capacidade de interferência e nosso livre arbítrio pode pouco contra o mundo.
O que tem que ser, será, chova ou faça sol. O destino está escrito nos livros da vida e mudá-lo depende de nós só parcialmente, tanto que ninguém morre de véspera. Cada um tem sua hora e sua vez.
E como sabia Augusto Matraga, é preciso paciência para esperá-la e saber que chegou para então se jogar de cabeça num tiroteio infernal, porque é o único jeito de entrar no paraíso.
Os dias de verão vão deixando o calendário e o céu vai ganhando sua cor mais bela ao longo do ano. Os dias de outono vão se impondo, inesperados e imprevisíveis, mas com o céu mais azul de todos anunciando um tempo ameno, como eram os tons dos pastos nativos nos campos de São Paulo, em abril, maio e junho. E a vida se renova e a esperança faz tocar em frente, porque amanhã vai ser melhor que ontem.
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