Verão de 1971
O verão de 1971 foi um verão especial. Em janeiro, ao entrar na faculdade, ganhei meu primeiro carro, um Opala Especial, 2500, verde amazonas, rapidamente batizado de Verdinho, equipado com pneus de Dodge Dart e que tinha um som raro para a época. Apenas mais um carro em São Paulo tinha outro igual. Um toca fitas estéreo, de carretel. Invenção e montagem do meu primo Mando. Além do Verdinho, o Corcel do Mando tinha seu irmão gêmeo, uma mistura de caixa e motor Philips com amplificador e cabeçote Muntz. O Joãozinho, esse era o nome da fera, alimentava 4 alto-falantes e dois twiters e reproduzia um som fantástico, que ainda por cima podia ser retirado do carro e ligado na tomada, graças a um transformador 12 volts.
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Retirei o carro na Zona Sul Veículos, a concessionária Chevrolet do pai do meu amigo Zé Cássio. No dia seguinte instalei o Joãozinho e na mesma semana fui para Itanhaém, com meu amigo Tonico. A viagem terminou no Guarujá, depois de uma longa noite na praia do Cibratel.
O Guarujá de 1971 era um lugar completamente diferente do Guarujá de hoje. Já tinha prédios, mas o processo que o transformou no paliteiro atual ainda estava longe de dar no que deu. Pitangueiras era o centro, a
Enseada ainda tinha enormes espaços vazios, as Astúrias tinham casas e colônias de férias. O Tombo era quase deserto e o Guaiúba tinha sido transformado na praia dos farofeiros.
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O Morro do Maluf não era cercado de prédios e no alto tinha a boate Aquarius, com um terraço aberto que era o grande lugar para se ficar.
Foi lá que eu vi uma das luas cheias mais bonitas da minha vida. A lua enorme tinha sua luz refletida no mar e o brilho abria uma estrada de prata que sumia no horizonte. Não foi preciso dizer nada. Abracei minha namorada e deixamos a magia fluir.
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