Ruas e avenidas
São Paulo é um ninho de cobras se espalhando pelo planalto. São milhares de quilômetros de ruas e avenidas correndo em todas as direções, num emaranhado mais ou menos organizado, que segue a reboque da marcha da cidade em vez de pautar seu desenvolvimento.
É assim desde o começo. Nenhum plano conseguiu domar a vontade inata da cidade, que se multiplica e engole as cidades vizinhas num movimento irrefreável, começado há mais de um século e que hoje avança muito além do ABC ou da Região Metropolitana, chegando perto de Jundiaí, São Roque, Itu e Sorocaba, pra não falar no Vale do Paraíba, onde a Dutra se transforma em avenida.
Nesse matagal indecifrável e desconhecido, a cidade abre ruas e avenidas, que se consolidam ou não, mas servem de leito para o caudal que segue o rumo do progresso e faz regiões inteiras mudarem de cara em menos de dois anos.
A consequência é algumas vias ficarem famosas, enquanto a maioria segue quase desconhecida de enorme parte da população. É raro alguém da zona sul conhecer bem a zona leste, como é raro alguém da zona norte andar sem problemas pela zona oeste. São Paulo é tão grande que é quase impossível conhecê-la por inteiro.
Mas algumas avenidas são marcos urbanos e podem ser bonitas ou feias. A avenida Santo Amaro é feia, como a Rebouças também o é. A 23 de Maio é bonita, a Rubem Berta é menos bonita e a Washington Luiz é positivamente feia. A avenida São Luiz seria um marco se o Centro estivesse bem cuidado. A avenida Francisco Mesquita é feia e a Faria Lima bonita. A avenida Sumaré se destaca e, junto com a Henrique Schaumann e a Brasil formam um dos corredores mais bonitos da cidade. E assim, eteceteramente, São Paulo se abre para o belo e o feio em poucos minutos.
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