O inferno é aqui mesmo
Ultrapassamos a apavorante marca das quatrocentas mil mortes por covid19. Mais do que isso, seguimos firmes para as quinhentas mil, degrau que deve ser atingido em pouco tempo.
O Brasil mantém um patamar altíssimo de mortes por dia. A covid19 não pede licença. Chega, entra e mata. Ou, quando não mata, machuca, deixa sequelas de todos os tipos, uma diferente da outra, marcando uns mais do que outros, sem explicação pelo menos compreensível para nós.
Se a terceira onda vai chegar ou já chegou e está marcando passo para ganhar corpo e descer país a fora, feito faca quente em manteiga, é mais ou menos irrelevante. Ninguém tem dúvida de que ela vem, a questão é quando.
Enquanto isso, uma parte da população está pouco se lixando para as medidas de prevenção e tentativas de contenção da doença. Não usa máscara, não pensa em distanciamento social, nem no que pode fazer para suas mães e seus pais não contraírem a covid.
Tanto faz como tanto fez. Como cantavam os argentinos: “Vamos a la playa”, o povo entope as estradas, invade as praias e não respeita as medidas para evitar o aumento do contágio, adotadas pelas prefeituras do litoral. Tanto faz qual, de sul a norte é a mesma coisa.
Vamos em frente que atrás vem gente. O dado bom é que nos ônibus e metrôs o povo usa máscara. Tá certo que nas ruas de comércio popular a aglomeração é ampla, geral e irrestrita, mas no transporte público há respeito e as pessoas não saem do quadrado, com raras exceções.
A fé nas vacinas coloca o Brasil num patamar diferente de boa parte dos países ricos. O brasileiro quer ser vacinado. É aí que a porca torce o rabo. Não temos vacina e não teremos tão cedo. Entre secos e molhados, só nos resta organizar os círculos do inferno montados na pátria amada.
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