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O inferno é aqui mesmo

Ultrapassamos a apavorante marca das quatrocentas mil mortes por covid19. Mais do que isso, seguimos firmes para as quinhentas mil, degrau que deve ser atingido em pouco tempo.

O Brasil mantém um patamar altíssimo de mortes por dia. A covid19 não pede licença. Chega, entra e mata. Ou, quando não mata, machuca, deixa sequelas de todos os tipos, uma diferente da outra, marcando uns mais do que outros, sem explicação pelo menos compreensível para nós.

Se a terceira onda vai chegar ou já chegou e está marcando passo para ganhar corpo e descer país a fora, feito faca quente em manteiga, é mais ou menos irrelevante. Ninguém tem dúvida de que ela vem, a questão é quando.

Enquanto isso, uma parte da população está pouco se lixando para as medidas de prevenção e tentativas de contenção da doença. Não usa máscara, não pensa em distanciamento social, nem no que pode fazer para suas mães e seus pais não contraírem a covid.

Tanto faz como tanto fez. Como cantavam os argentinos: “Vamos a la playa”, o povo entope as estradas, invade as praias e não respeita as medidas para evitar o aumento do contágio, adotadas pelas prefeituras do litoral. Tanto faz qual, de sul a norte é a mesma coisa.

Vamos em frente que atrás vem gente. O dado bom é que nos ônibus e metrôs o povo usa máscara. Tá certo que nas ruas de comércio popular a aglomeração é ampla, geral e irrestrita, mas no transporte público há respeito e as pessoas não saem do quadrado, com raras exceções.

A fé nas vacinas coloca o Brasil num patamar diferente de boa parte dos países ricos. O brasileiro quer ser vacinado. É aí que a porca torce o rabo. Não temos vacina e não teremos tão cedo. Entre secos e molhados, só nos resta organizar os círculos do inferno montados na pátria amada.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.