Fome, frio e inflação

O Brasil está numa curva perigosa. A sociedade não pode aceitar o que vai acontecendo. O país desandou. Desandou sanitariamente, nos milhares de intubados nas UTI’s espalhadas pelo nosso imenso território; desandou no desemprego que corre solto; desandou na fome que ameaça milhões de brasileiros; desandou na falta de qualquer sentimento, ética ou comportamento, vagamente afinado com o cargo, de vários homens públicos.

Quando meio milhão de brasileiros morre vítima da covid19 é hora de pelo menos se sensibilizar com a dor das famílias, mas não é isso que se vê. O grande capitão segue em frente, impávido colosso, sem máscara e sem qualquer sensibilidade, noção de dever ou responsabilidade, em motos, cavalos, helicópteros e o mais que se mova na terra, na água e no ar.

Do outro lado, 13 milhões de famílias estão vulneráveis à fome. Cem milhões de brasileiros vivem com até um salário-mínimo. O desemprego é o mais alto da história. E o auxílio do governo, que não se vexa em dar 17 bilhões de reais para os parlamentares usarem como quiserem, além de mais 3 bilhões para os amigos do rei, não chega, no seu valor mais alto, a quatrocentos reais, menos de cem dólares, por mês.

Não bastasse a carestia, o frio veio para mostrar que este ano será dureza. 8 graus em São Paulo é para assustar urso polar. Nós não temos estrutura para suportar este frio dentro de casa. Imagine a situação dos milhares de cidadãos que moram nas ruas, deitados nas calçadas de concreto, protegidos por caixas de papelão estendidas no chão, cobertores velhos e, os mais privilegiados, dormindo dentro de algumas tendas.

Para quem acha que acabou, não, não acabou. A inflação come solta nas gôndolas dos supermercados. Cada vez mais se compra menos. Mas o governo não tem tempo para isso. Bom é andar de moto na orla carioca.

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