A igreja de Frei Galvão
Um dos conjuntos arquitetônicos mais bonitos e ricos da cidade de São Paulo está no bairro da Luz, na avenida Tiradentes. São vários imóveis, dos dois lados da avenida, com as mais diversas finalidades. Igrejas, museus, jardins, escolas, quartéis, se sucedem numa região hoje deteriorada, mas que, no passado, foi das mais nobres e por isso tem este acervo impressionante, erguido ao longo dos séculos, sem nenhuma combinação prévia e sem nenhum arranjo deliberado, simplesmente com alguém erguendo um prédio, abrindo um jardim, calçando uma rua, etc..
Entre os edifícios, difícil dizer qual é o mais bonito. Todos, cada um à sua maneira, têm o que mostrar e não fariam feio em nenhum lugar do mundo. Mas, entre eles quem sabe o mais poético seja o conjunto do Mosteiro da Luz.
Formado pelo museu de Arte Sacra e pelo mosteiro das freiras que ainda funciona, mantendo a tradição do século 18, tem no meio a igreja de Frei Galvão, que foi quem ergueu o mosteiro e tem tudo para ser o segundo santo brasileiro.
Mas, ficando só na igrejinha consagrada ao frei milagroso, ela é uma graça e uma beleza, representando o que há de melhor na arquitetura sacra colonial paulista.
Pequena como convém a um mosteiro do século 18, quando a cidade mal tinha dez mil almas, é delicada, simples e rica, dentro do conceito de riqueza paulista, completamente diferente dos barrocos mineiro e baiano, ou das igrejas do Recife e do Rio de Janeiro.
Singela, de linhas retas, com tábuas largas cortadas das imensas árvores que compunham as florestas da Mata Atlântica, a igreja de Frei Galvão, encravada entre o mosteiro e o museu de Arte Sacra, ao lado do quartel da ROTA, é uma ilha de paz numa região muito acelerada.
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