Fascinante

O Brasil é um país fascinante. Vamos de um extremo ao outro como se viajar no tempo fosse corriqueiro ou como se a Mula-sem-cabeça galopasse pela avenida Paulista nas madrugadas de inverno.

Não temos limites, para baixo e para cima. O problema é que, todas as vezes que ameaçamos consolidar a subida, alguém põe o dedo na torta e a massa desanda, o bolo embatuma, fica borrachudo, e a nação cai, entra em recessão, volta no tempo para como era alguns anos antes e só recobra a capacidade de subir depois de purgar muito pecado.

Agora mesmo vivemos tempos interessantes. Para quem não sabe, viver em tempos interessantes é uma praga chinesa. Não há nada mais complicado do que viver em tempos interessantes.

O mundo tem vacina, nós não temos vacina. O mundo está vacinando rapidamente suas populações, nós vamos a passo de cágado, porque não temos vacinas.

Temos promessas de vacinas, milhões de promessas, todas para depois, para quando o futuro chegar. Vai ser bom como torta de maçã, mas será depois, algum dia, depois.

Por enquanto, vamos com 11% realmente imunizados. Não adianta o governo gritar que distribuiu cem milhões de vacinas. De verdade, temos pouco mais de 20 milhões de brasileiros imunizados.

Também não temos oxigênio, nem kit intubação. Não temos vagas em centenas de UTI’s, nem temos desculpas para justificar os quase 500 mil mortos pela pandemia. Simplesmente não fizemos a lição de casa. Agora não tem mágica que resolva.

Mas pasme! Enquanto o mundo espera para saber se o Japão, depois da desistência de 10 mil voluntários, vai cancelar as Olimpíadas, nós temos a Copa América. É isso! Nós não temos esperança, mas temos Copa América.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.