Amor às árvores
Desde pequeno, na fazenda da família, eu sempre gostei de árvores. Aliás, não era só na fazenda, mas também no Guarujá e no jardim da casa dos meus pais, onde tinha um ipê amarelo no qual nós subíamos com maior tranquilidade, e de onde minha irmã Tiche uma vez caiu com certa gravidade, mas não tão grave que a impedisse de assim que possível, subir de novo. Era neste ipê que eu me refugiava quando o Calejo – uma invenção tenebrosa da família – chegava para nos dar injeção.
No Guarujá, os chapéus de sol com suas folhas largas e sua fruta típica e os coqueiros na frente do apartamento também chamavam minha atenção.
Até hoje, quando chego no apartamento, olho pela janela e uma das primeiras coisas que eu procuro é o coqueiro fino e alto que já ficou no canteiro central da avenida, mas que agora fica na calçada.
Também gosto de me sentar debaixo dos chapéus de sol e beber uma cerveja gelada.
Mas as árvores que realmente marcaram minha vida são as árvores da fazenda. A grande figueira no gramado na frente da casa. As palmeiras da piscina. O mija-mija do fundo do jardim. Para não falar nos eucaliptos espalhados por todos os lados, e no cafezal no alto do morro, onde íamos a cavalo para ver o pôr do sol.
Até hoje o Matão está lá. Era nele e no matinho do pomar que eu gostava de ficar, de dia ou de noite, sem fazer nada ou sentado na beira de um carreiro esperando uma paca ou um tatu, fumando cigarro de palha.
É por isso que eu ando por São Paulo prestando atenção nas árvores. E é por isso que às vezes encontro verdadeiros tesouros, como os ipês, as paineiras e até alguns mija-mijas.
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