O patriarca de costas
José Bonifácio de Andrada e Silva foi um dos maiores homens de seu tempo e, junto com D. Pedro I, o grande responsável pelo Brasil ser do tamanho que é, impedindo a explosão da colônia portuguesa como queria a Inglaterra, e como aconteceu com a América Espanhola.
Santista, fez sua carreira na Europa, onde ocupou os mais altos cargos na administração pública portuguesa.
De volta para o Brasil, acabou conselheiro do príncipe herdeiro, e depois imperador, e o principal idealizador da nova nação, nascida da antiga colônia, num rompante típico de D. Pedro, quando voltava de Santos, depois de uns dias nos braços da marquesa, com quem vivia um tórrido caso de amor.
José Bonifácio é homenageado no país inteiro das mais diferentes formas. Em São Paulo, uma delas foi dar seu nome a uma das mais antigas praças da cidade, terreiro da igreja de Santo Antonio, pelo menos desde o século 16.
Pois foi lá, bem em cima da galeria Prestes Maia, que decidiram erguer uma das construções mais feias que existem no mundo. Um pórtico sem proporção e sem sentido, que esconde a praça e o que ela tem de belo, começando pela antiga igreja de Santo Antonio.
Cada vez que eu vou lá, me horrorizo com o que fizeram e entendo a posição da estátua do Patriarca da Independência, olhando para a rua Direita, de costas para o desastre, se recusando a ver o medonho em que transformaram seu espaço.
Como estátua não se vira sozinha, poderia dizer que foi incompetência, mas não foi. Com certeza foi obra de forças cósmicas, envergonhadas com o que fizeram na praça.
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