São Paulo ultrapassou a ultrapassagem

As grandes cidades giram 24 horas por dia, num ritmo incessante que as faz confundir dia e noite e quando menos se espera as coisas acontecem de outro jeito, porque a cidade funciona de outro jeito e aí não há o que fazer.

O congestionamento em que você está parado deveria acontecer as 10 horas da manhã, no entanto são 10 horas da noite e está tudo parado. A explicação? A explicação é a falta de explicação. Simplesmente acontece e ponto final, não tem pra quem reclamar e a ouvidoria da cidade no máximo da risada da sua perplexidade.

São Paulo foi além da média das grandes cidades. Aqui as coisas acontecem num ritmo frenético e ansioso como se a única coisa a fazer fosse salvar o pai da forca, ainda que não tenho pai e muito menos forca.

Dizem que outras cidades são parecidas. Que a Cidade do México é pior e que as cidades chinesas são ininteligíveis. Pode ser, não conheço.

Por isso fico por aqui, com nossas ruas, nossos postes e o emaranhado de fios que formam uma selva de cipós metálicos que se espalha, feia, pela cidade inteira.

A regra seria as fiações serem subterrâneas. Ora a regra, quem liga para a regra? Vai como está e se achar ruim, reclame para o bispo. É feio, caro e ineficiente, mas as concessionárias salgam a conta, ganham dinheiro às custas do povo, então está tudo certo. É assim porque no Brasil é assim que as coisas acontecem e São Paulo é o Brasil levado a última potência.

São Paulo não só não para, como agora acelera o dia inteiro, não há pausa, não há piques, não há alternativa, senão tocar em frente na velocidade da luz, mesmo parado nos congestionamentos, mesmo apertado no ônibus, mesmo sem outra saída a não ser não ter saída.

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