As chuvas já chegaram
As chuvas de verão este ano começaram na primavera. Nada de novo debaixo do sol, as mudanças climáticas estão mudando o andar da carruagem. Quando é para ser quente, faz frio; quando deveria chover, fica seco; e até a geada deu de entrar em cena em momentos inesperados, para não dizer inoportunos, porque os hotéis da região não estavam preparados.
Este ano as chuvas chegaram com vontade. O que isso quer dizer eu não faço a menor ideia. Se teremos um verão chuvoso ou se foi só fogo de palha e daqui pra frente a seca vai correr solta é segredo repartido só entre São Pedro e as torneiras do céu, que podem se abrir sem aviso prévio, desmentindo e negando todas as previsões.
Até poucos anos atrás, a previsibilidade não era uma certeza, mas dava para saber mais ou menos o que iria acontecer nas diferentes épocas do ano. De um tempo para cá, a natureza deu de brincar de esconde-esconde e ninguém sabe mais nada sobre os sinais do céu ou entende os segredos do vento.
As coisas acontecem sem razão maior do que acontecerem, o que nos coloca em nossos lugares, porque, no jogo pesado da realidade do planeta, nossa capacidade de interferir é menor do que mínima.
A Califórnia ardeu, devorada por chamas brutais, que mataram e destruíram sem pedir licença a ninguém. Se ela queimou, por que o Brasil não pode ficar debaixo d’água antes de ser a época disso acontecer?
A natureza está se lixando para nossos achismos ou vontades. Há vinte mil anos a era glacial comeu solta e mudou radicalmente a realidade europeia. E não houve qualquer interferência humana acelerando o planeta.
Se nós estamos mudando o cenário, é menos do que imaginamos e não há nada errado no processo. Não podemos esquecer que somos apenas um animal, surgido em circunstâncias especiais, mas todas naturais.