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As chuvas já chegaram

As chuvas de verão este ano começaram na primavera. Nada de novo debaixo do sol, as mudanças climáticas estão mudando o andar da carruagem. Quando é para ser quente, faz frio; quando deveria chover, fica seco; e até a geada deu de entrar em cena em momentos inesperados, para não dizer inoportunos, porque os hotéis da região não estavam preparados.

Este ano as chuvas chegaram com vontade. O que isso quer dizer eu não faço a menor ideia. Se teremos um verão chuvoso ou se foi só fogo de palha e daqui pra frente a seca vai correr solta é segredo repartido só entre São Pedro e as torneiras do céu, que podem se abrir sem aviso prévio, desmentindo e negando todas as previsões.

Até poucos anos atrás, a previsibilidade não era uma certeza, mas dava para saber mais ou menos o que iria acontecer nas diferentes épocas do ano. De um tempo para cá, a natureza deu de brincar de esconde-esconde e ninguém sabe mais nada sobre os sinais do céu ou entende os segredos do vento.

As coisas acontecem sem razão maior do que acontecerem, o que nos coloca em nossos lugares, porque, no jogo pesado da realidade do planeta, nossa capacidade de interferir é menor do que mínima.

A Califórnia ardeu, devorada por chamas brutais, que mataram e destruíram sem pedir licença a ninguém. Se ela queimou, por que o Brasil não pode ficar debaixo d’água antes de ser a época disso acontecer?

A natureza está se lixando para nossos achismos ou vontades. Há vinte mil anos a era glacial comeu solta e mudou radicalmente a realidade europeia. E não houve qualquer interferência humana acelerando o planeta.

Se nós estamos mudando o cenário, é menos do que imaginamos e não há nada errado no processo. Não podemos esquecer que somos apenas um animal, surgido em circunstâncias especiais, mas todas naturais.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.