Ricardo Boechat morreu
Ricardo Boechat morreu na semana passada, vítima de um acidente de helicóptero quando voltava de Campinas para São Paulo.
Acidentes acontecem e acidentes com helicóptero acontecem proporcionalmente mais ainda, como mostram as estatísticas.
Nesta vida, o difícil é nascer. Para morrer basta um minuto, na hora e no lugar errados. Ninguém foge da sua hora e da sua vez. Com Ricardo Boechat não foi diferente.
Neste momento extremamente conturbado da história brasileira ele era dos poucos que não poderia morrer. Profissional diferenciado, Boechat trazia o profissionalismo, a competência e o bom senso para suas matérias.
Duro na crítica e sem medo de criticar, ele ia fundo no tema e colocava o dedo na ferida, à direita e à esquerda, sem medo de falar o que queria dizer, invariavelmente, o comentário correto para a situação analisada.
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Na hora em que o jornalismo atravessa uma séria crise de identidade e os veículos de comunicação tradicionais veem as receitas minguarem, a morte do Boechat abre um claro incomensurável na capacidade de bem informar brasileira.
Com sua morte, o rádio e a TV perdem um profissional cuja voz capaz de ir fundo não gritava, nem ameaçava, nem fazia piadas sem graça, em nome de um pretenso saber acima do bem e do mal.
Ao contrário, o diferencial do Boechat era a humildade. A humildade de quem sabe que é menor do que os fatos, a humildade de quem tenta entender. A humildade de quem sabe que, quando muito, tem as perguntas e que elas podem ser muito complicadas.
Mas Ricardo Boechat era mais que jornalista, era um ser humano especial, querido e admirado. Companheiro, pai e amigo, viver, para ele, era muito mais do que ser um jornalista famoso.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.
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