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As quaresmeiras estão no tempo certo

Pode ser que aconteça de alguém se precipitar e chegar à conclusão de que as quaresmeiras adiantaram o calendário e floriram antes porque ficaram com ciúmes dos resedás.

E uma impressão pode complicar as contas de quem não presta muita atenção nas mágicas do calendário humano.

O grande problema, no caso, seria a facilidade com que nós, humanos, mudamos as datas, ou melhor, no caso, deixamos elas soltas, para servirem de apoio para alguma manobra que no passado teve importância, mas nos dias de hoje perdeu a razão de ser.

As quaresmeiras seguem rigorosamente o tempo natural, por isso não atrasam, nem adiantam o ritmo de sua florada. Ela acontece quando a natureza prepara o tempo e avisa a hora certa, que pode variar por causa da chuva ou outros fatores que não nos dizem respeito e que não têm nada a ver com o que nós queremos ou não.

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As árvores se chamam quaresmeiras porque, teoricamente, na nossa contabilidade, elas florescem mais ou menos na época da quaresma, ou seja, entre o carnaval e a páscoa, época que, no passado, servia para grandes penitências para limpar os pecados da carne e da alma.

Isso se perdeu. As pessoas não sabem mais que nas sextas-feiras da quaresma não se come carne. A dieta deve ser feita com peixes, como sacrifício pelo sacrifício do Cristo, sempre na sexta-feira da paixão.

Há de haver alguma explicação religiosa do porquê da páscoa ser uma festa móvel. O que faz o carnaval também ser uma festa móvel, já que ele acontece sempre 40 dias antes da páscoa.

É aí que algum mal-entendido acaba culpando as quaresmeiras. Elas não têm culpa de nada. Florescem quando têm que florescer e dão um show, como acontece todos os anos, no momento da florada.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.