O incêndio de Notre-Dame
Pode parecer incrível, mas os incêndios não são exclusividade do Brasil. Da mesma forma que o Museu Nacional pega fogo, a Catedral de Notre-Dame pega fogo.
Algo diferente entre Brasil, França e o mundo? Não. Há alguns anos o Castelo de Windsor pegou fogo e o mundo ficou estarrecido aos descobrir que não tinha seguro.
Ao longo dos séculos, centenas de monumentos foram consumidos pelas chamas. Palácios, cidades inteiras, sítios arqueológicos, museus, teatros, edifícios em geral foram transformados em cinzas e ruínas.
Na origem, erupções vulcânicas, curtos-circuitos, queda de raios, vandalismo, falta de manutenção, etc. Nada que não seja comum ao ser humano em todas as partes do planeta.
Acidentes acontecem por omissão e por ação. A falta de manutenção é fator dramático, assim como o excesso de manutenção. Consertar demais gera a faísca a mais que coloca fogo numa Catedral.
O incêndio de Notre-Dame foi uma pancada na boca do estômago. Todas as vezes que fui a Paris, desde 1973, sempre fui à Catedral.
Duas vezes vivi situações especiais. Na primeira, assisti à Missa do Galo, com minhas amigas Nanda e Gioconda, e, na segunda, com minha mulher e minhas filhas, depois de, por causa de nossa posição, trocar meia dúzia de palavras com o Cardeal de Paris, assisti a uma missa cantada, celebrada por ele, com a Orquestra Filarmônica e o Coro da Ópera de Paris.
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Não sei se Notre-Dame é a catedral mais bonita da Europa. Chartres, Reims, Colônia, Santa Maria dei Fiori, Sagrada Família, a escolha é muito difícil. Mas Notre-Dame era a síntese da possibilidade de falar com Deus sem intermediários. O incêndio foi um golpe terrível, desses que nos fazem duvidar, porque mostram as fragilidades e fraquezas do ser humano.
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