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Quase uma década fechado

Símbolo da independência do país deixa milhares de órfãos

Inaugurado em 1892, o Museu do Ipiranga tem um rico acervo que conta não apenas a história da Independência do Brasil, mas retrata o século 17 até meados do século 20, em seus mais de 450 mil objetos. Enquanto o mundo se mobiliza para recuperar rapidamente os estragos causados por um incêndio na Catedral de Notre-Dame de Paris, por aqui, o nosso Museu do Ipiranga levará quase uma década para ser reaberto.

O símbolo de independência do nosso país, às margens do Riacho do Ipiranga, aonde Dom Pedro I gritou a célebre frase: “Independência ou Morte!”, está com as suas portas fechadas desde 2013 por problemas estruturais. A previsão é que as obras de recuperação e modernização do Museu do Ipiranga terminem apenas em 2022. E você deve estar pensando que nem eu: É muito tempo, é quase uma década para que isto aconteça.

Enquanto isso, o seu acervo está distribuído em prédios alugados pela Universidade de São Paulo (USP) e algumas obras permaneceram no museu. Mas fato é que por praticamente uma década ele deixará de receber milhares de visitantes, a média era de 350 mil por ano, muitos deles de excursões escolares. Alunos em plena formação que merecem conhecer a história do nosso país e que ficaram órfãos neste sentido.

Quem conhece, sabe que o Museu do Ipiranga abriga obras riquíssimas, entre elas, o quadro do Grito do Ipiranga feito por Pedro Américo, telas de Benedito Calixto e Antonio Ferrigno, uma maquete da cidade de São Paulo feita em bloco de gesso e estátuas dos bandeirantes, entre tantas outras. Porém, lamentavelmente, o museu apresentava uma série de problemas, como rachaduras e paredes se desmanchando. Motivos pelo qual ele foi fechado.

Para a sua recuperação, as obras foram orçadas em cerca de R$ 160 milhões e o Museu do Ipiranga pede ajuda para a sociedade civil e as empresas privadas. Infelizmente, pouco retorno eles tiveram, apenas uma empresa se manifestou. Enquanto isso na Europa, doações de todas as partes chegam para a recuperação da Catedral de Notre-Dame de Paris. Será uma questão cultural?

Por que não cuidamos dos nossos museus?. Compartilhe:

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.