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Saudade não é nostalgia

Quando escrevo sobre fatos ou lembranças da minha vida é comum me perguntarem se eu queria que o tempo voltasse, para viver como no tempo que passou, só que nos dias de hoje.

Não, eu não quero que o passado volte, nem que o ontem seja de novo o tempo de hoje. A vida anda para frente. Cada momento é único e não tem volta, nem resgate. Sua lembrança fica para sempre, ainda mais quando é uma recordação gostosa de pessoas, de situações, de lugares, em instantes que vida pegou leve e por isso sua recordação é boa e vem sem aviso, como que para mostrar que sua vida é boa e que valeu a pena.

Quem sou eu para achar que o que aconteceu antes pode substituir o que acontece agora ou vai acontecer depois?

Não, não quero reviver o passado, nem tentar ressuscitar o que teve seu momento, mas agora é a lembrança de uma coisa que passou e que por isso não volta mais.

O que passou fica na prateleira das lembranças. Não há volta, não há possibilidade de retorno porque não há como reviver o que já foi vivido. Mesmo que você faça acontecer de novo, exatamente da mesma maneira como aconteceu antes, será outro momento, outro tempo e as pessoas também terão mudado. Não será nunca a continuação de alguma coisa que vive na lembrança. Será um momento novo, que pode ser maravilhoso, mas será outro momento, outra experiência, outro instante na sequência da vida.

Uma coisa é a saudade saudável, que chega em lembranças boas de uma vida boa; outra é a nostalgia amarga de um tempo que passou, mas que a pessoa quer reviver porque acha que foi melhor do que o agora.

Eu não quero o passado de volta. Quero que ele permaneça passado, para que minha história, o meu aprendizado, as experiências, os momentos, os fatos e os feitos pautem o caminho, para que eu viva melhor o presente.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.