Ruim em relação a quê?
Quando dizemos que alguma coisa está boa ou está ruim, estamos comparando, avaliando e julgando.
Não é possível ruim em relação a nada, como não é possível ótimo em relação a nada. Há que haver uma comparação com outra coisa semelhante, outro momento, outra realidade, que nos dá a medida para julgarmos se está bom ou se está ruim.
É assim que não dá para dizer que a vida do chinês é ruim ou boa, sem definir qual a comparação que estamos fazendo. Se comparamos com o padrão de vida da Suécia, provavelmente dentro de parâmetros ocidentais de aferição da qualidade de vida, a vida do chinês é menos boa do que na Escandinávia, mas se compararmos com a vida do chinês na China da década de 1970, com certeza a vida atual é muito melhor.
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E se compararmos com a qualidade de vida média dos países latino-americanos, a vida do chinês também é melhor. Pelo menos nas grandes cidades.
Então, para dizer que o atual governo brasileiro está ruim temos que usar um parâmetro que sirva de régua para suportar a afirmação.
Se a comparação for com as expectativas da população quando votou no Presidente Bolsonaro, é razoável dizer que o governo não está bem. O Brasil tinha altas expectativas e, dentro da nossa tradição histórica, deixamos tudo para o governo resolver rapidamente.
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A única bandeira é a reforma da previdência e, depois, uma reforma tributária. É pouco e o Executivo se mostrou menos preparado do que se supunha para negociar com o Congresso.
De outro lado, se a comparação for com os governos do PT e com o segundo governo de FHC, o atual governo é melhor. Mesmo com tudo de errado que tem feito, os poucos acertos garantem a comparação.
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