Melancolicamente futebol
A palavra é melancolia. Quem viu as grandes seleções brasileiras, quem viu os grandes craques jogarem sente uma profunda melancolia ao assistir um jogo da atual seleção masculina ou do campeonato brasileiro.
Tanto faz quem ganha ou perde, a questão não é ganhar ou perder. O ponto triste é o futebol feio, sem criatividade, sem objetividade, sem magia e sem encanto que se arrasta sem graça pelo gramado.
Em tempos de VAR – que liquidou com a malandragem no futebol –, a seleção é apenas mais uma entre as seleções que disputam copas de forma burocrática, quase sem beleza, sem criatividade, dependendo de um ou dois jogadores menos medíocres, mas longe dos antigos craques. E com os times é pior ainda. Mesmo com os torcedores vibrando, o futebol é pobre.
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Começar a comparação com Pelé seria o lógico, mas é falta de respeito com o atleta do século 20. Não há entre os brasileiros ninguém comparável ao pior momento do craque dos craques, aliás, não há ninguém comparável ao menos craque dos grandes craques.
As nossas ditas estrelas pensam que brilham, gritam, se atiram no chão, se contorcem, mas jogar bem futebol, nem pensar. Isso não é com eles, ainda que recebam caminhões de dinheiro, que nenhum dos mágicos da bola um dia imaginou que existisse no mundo.
É um futebol meramente burocrático. Daí uma jogadinha um pouco melhor ser vista como uma maravilha, toque de gênio, coisa para mais dois milhões de dólares no contracheque do fim do mês.
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O duro é que, se nós paramos, o resto do mundo foi em frente. Até a Venezuela é vista como adversário de respeito, timão que nos ameaça, da mesma forma que Gana ou o Catar.
Ah, como seria bom se nossos jogadores tivessem a seleção feminina como exemplo. Com certeza o futebol masculino seria mais alegre.
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