Somos todos refugiados
Somos todos migrantes. Somos todos africanos. Somos todos peregrinos dos sonhos em busca da felicidade.
Todos saímos da África. Todos nos espalhamos pela Terra, ocupamos territórios, cruzamos mares, dominamos os oceanos.
Todos passamos fome, fomos dizimados pelas doenças, massacrados nas guerras, aprisionados, vendidos como escravos.
Todos lutamos pelo pão de cada dia. E no final da tarde comemoramos a vitória do grupo repartindo o alimento na refeição comunal, no prosaico churrasco no almoço de sábado, nos rituais sagrados, na hora da morte.
Todos nós morremos milhares de vezes para que a Terra fosse nossa e o solo arado com o suor de nossos corpos produzisse alimento suficiente para saciar a fome do corpo e dar paz ao espírito.
Somos desbravadores e somos fugitivos, sobreviventes, migrantes; todos, em algum momento, fomos refugiados.
Somos todos filhos do continente africano. Nenhum de nós veio de outra parte. Nenhum de nós tem genes diferentes, que nos façam melhores do que os outros. Mal e mal comparando, somos primos próximos dos primatas, tanto faz se brancos, amarelos, vermelhos ou negros.
Na origem, nenhum nasceu com outra cor de pele que não o negro. Ficamos em pé na África. E vimos o sol e a lua primeiro no céu africano.
Migramos, ocupamos o planeta. Fomos em frente. Lutando e, na maior parte das vezes, fugindo de ameaças ou inimigos mais fortes.
É o que acontece hoje. Milhares de pessoas fogem da morte, da miséria, da impossibilidade do sonho. Vamos honrar nosso passado, lembrar nossa história e tratá-los com misericórdia. São seres humanos.